IPCA registro alta de 0,09% no Brasil, menor que o esperado


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, registrou alta de 0,09% em outubro de 2025, após variar 0,48% em setembro. No acumulado do ano, a inflação nacional soma 3,73%, enquanto em 12 meses o índice atinge 4,68%, abaixo dos 5,17% registrados no mês imediatamente anterior. Em outubro de 2024, o IPCA havia variado 0,56%. Na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), o IPCA subiu 0,33%, após alta de 0,50% em setembro. No acumulado do ano, a inflação da RMPA alcança 4,04%, e em 12 meses, 4,59%, também abaixo do resultado nacional. A variação de preços na região foi influenciada, sobretudo, pelos grupos Transportes (1,01%; 0,21 p.p.) e Despesas pessoais (0,81%; 0,09 p.p.), impulsionados pela gasolina (3,33%; 0,22 p.p.) e pelas hospedagens (3,10%; 0,03 p.p.). No sentido contrário, Habitação recuou 0,20%, devido à queda na energia elétrica residencial (-1,88%; -0,08 p.p).
No Brasil, o desempenho de outubro refletiu, principalmente, a queda do grupo Habitação (-0,30%; -0,05 p.p.), influenciada pela redução de 2,39% na energia elétrica residencial (-0,10 p.p.), que representou o maior impacto individual negativo do mês. A retração decorreu da mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para patamar 1, o que reduziu o adicional cobrado na conta de luz. Entre os grupos com variações positivas, Saúde e cuidados pessoais (0,41%; 0,06 p.p.) e Despesas pessoais (0,45%; 0,05 p.p.) exerceram as maiores pressões sobre o índice. Após quatro deflações consecutivas, o grupo Alimentação e bebidas (0,01%; 0,00 p.p.) apresentou estabilidade em outubro, com movimentos opostos nos seus dois subgrupos: a alimentação no domicílio (-0,16%; -0,02 p.p.) se manteve em queda, influenciada principalmente pela redução em leite e derivados (-0,51%; -0,02 p.p.) enquanto a alimentação fora do domicílio (0,46%; 0,03 p.p.) acelerou em relação a setembro (0,11%).
Do ponto de vista qualitativo, o índice de difusão permaneceu em 52,3%, repetindo o resultado de setembro. A média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central foi de 0,26%, ante 0,19% no mês anterior, enquanto o acumulado em 12 meses recuou de 5,09% para 4,89%. A inflação de serviços, com aumento de 0,41%, voltou a acelerar depois de dois meses de arrefecimento, elevando o acumulado em 12 meses de 6,11% para 6,17%. Já os serviços subjacentes, que exclui itens mais voláteis, avançou 0,33%, após alta de 0,03% em setembro, com o acumulado em 12 meses passando de 6,76% para 6,31%.
O resultado de outubro veio abaixo das mediana das expectativas de mercado (0,15%), com surpresa baixista sobretudo em alimentos no domicílio – para qual se esperava pequena alta no mês –, e aumento menor que o esperado em bens industriais – que seguiram em desaceleração. Esses dois fatores se somaram à antecipada queda na energia elétrica – maior contribuição negativa para o IPCA cheio. A gasolina, por sua vez, teve aumento no mês, apesar do anúncio de redução de preço pela Petrobras com vigência a partir de 21 de outubro, com efeitos que devem aparecer em novembro . De maneira geral, o resultado segue indicando uma dinâmica levemente mais benigna da inflação, com influência do câmbio em patamar menos depreciado sobre a cadeia de industriais, mas também contribuindo para um alívio maior sobre as commodities agropecuárias , com reflexo em alimentos. No qualitativo, apesar de núcleos e serviços subjacentes em desaceleração (algo também positivo), o patamar da inflação de serviços segue indicando uma economia com hiato aberto (com demanda maior que a capacidade de atender), em processo gradual de desaquecimento, exigindo política monetária restritiva e cautela em sua condução. Ainda assim, o viés baixista que as leituras recentes trazem para inflação no curto prazo reforçam o cenário de corte na Selic a partir de 2026 – uma vez que a inflação menor que a esperada abre espaço para corte nominal da taxa básica de juros, mantendo o juro real contracionista enquanto necessário para garantir a convergência da inflação à meta.
Fonte: Fecomércio-RS.



