IPCA registra variação de 0,39% em novembro de 2024

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE registrou uma variação de 0,39% em novembro de 2024, resultado inferior ao observado em outubro de 2024 (0,56%) mas superior ao resultado de novembro de 2023 (0,28%). Dessa forma, a inflação acumulada nos últimos 12 meses acelerou para 4,87%. No acumulado do ano, a inflação alcançou 4,29%.
Entre os nove grupos que compõem o IPCA, tivemos quatro grandes destaques no mês. No lado altista, destacaram-se os grupos de: Alimentação e Bebidas (1,55%; 0,33 p.p.), devido, sobretudo, ao aumento nos preços das carnes (8,02%; 0,20 p.p.) e do óleo de soja (11,00%; 0,03 p.p.); Transportes (0,89%; 0,18 p.p.), pelo aumento, principalmente, das passagens aéreas (22,65%; 0,13 p.p.) e do ônibus urbano (3,64%; 0,04 p.p.); e Despesas Pessoais (1,43%; 0,14 p.p.), devido à alta dos preços do cigarro (14,91%; 0,07 p.p.) pelo aumento do IPI desde 1º de novembro. No lado baixista, o destaque está no grupo de Habitação (-1,53%; -0,24 p.p.) pela queda em energia elétrica residencial (-6,27%; -0,24 p.p.) com a vigência da bandeira tarifária para amarela (antes vermelha patamar II). Os demais grupos impactaram -0,01 p.p. cada (Artigos de Residência, Vestuário e Saúde e Cuidados Pessoais) ou não tiveram impacto (Educação e Comunicação).
A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) registrou um aumento de 0,03% no IPCA em nov/2024 — um valor inferior ao verificado em out/24 (0,16%) e em nov/23 (0,36%). Como resultado, a inflação acumulada nos últimos 12 meses desacelerou para 3,49%, e no ano acumulou 3,05%, ambos abaixo da média nacional. Houve duas principais discrepâncias entre o índice da RMPA e a média brasileira. Primeiro, o grupo de Alimentação e Bebidas registrou uma variação menos intensa (0,71%; 0,15 p.p.) devido à menor variação em carnes (3,30%; 0,09 p.p.), e pela queda mais acentuada nos preços da cebola (-12,16%; -0,03 p.p.) e do tomate (-8,36%; -0,02 p.p.). E ainda, o grupo de Transportes da RMPA registrou uma variação menor (0,13%; 0,03 p.p.), devido à contribuição negativa da gasolina (-1,64%; -0,11 p.p.).

Do ponto de vista qualitativo, o índice de difusão reduziu para 57,8% em nov/24 (61,5% em out/24), queda que também se verifica quando se calcula a difusão sem os alimentos, que passou de 56,9% para 51,7%. Em relação à inflação de serviços, houve aceleração na margem (de 0,35% em out/24 para 0,83% em nov/24) e no acumulado em 12 meses (de 4,55% em out/24 para 4,68% em nov/24), com aceleração nos serviços subjacentes. Quanto à média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central, embora observado uma desaceleração na margem (de 0,45% em out/24 para 0,39% em nov/24), o acumulado em 12 meses acelerou (de 4,00% em out/24 para 4,21% em nov/24).
O índice cheio do IPCA de novembro registrou uma alta acima das expectativas do mercado, com a inflação acumulada em 12 meses se distanciando ainda mais do limite superior da meta (meta de 3,0% e limite superior de 4,5%). Além disso, a análise qualitativa dos dados também apontou resultados desfavoráveis, com aceleração em serviços subjacentes e na média dos núcleos de inflação no acumulado em 12 meses. O resultado de novembro, portanto, reforça a preocupação sobre a trajetória da inflação, que passou a contar com pressões altistas adicionais. Para além do cenário externo, a esperada divulgação do pacote de corte de gastos frustrou o mercado, intensificou a deterioração cambial, e reforçou a desancoragem das expectativas. Diante disso e com inflação que deve romper o limite superior da meta em 2024 e, com as primeiras estimativas de mercado apontando para um novo rompimento em 2025, a resposta na política monetária tem de ser mais dura, com aumento na intensidade da elevação da Selic na próxima reunião (10 e 11 de novembro) para, no mínimo, 0,75 p.p., além de sinalizar a manutenção de juros elevados por um período mais prolongado.
Fonte: Fecomércio-RS