Copom eleva Selic para 14,75%

Decisão era esperada, mas comunicado deixa dúvidas sobre fim do ciclo
Na quarta-feira, dia 8 de maio e 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (Bacen) decidiu, de forma unânime, pela elevação da taxa básica de juros em 0,50 p.p.. Com isso, a Selic passou aos 14,75% a.a. – maior patamar em quase 20 anos.
Na avaliação do cenário, adversidade e incerteza sobretudo quanto aos efeitos da política comercial norte-americana, implicando maior cautela em cenário de maior tensão geopolíticas foram a tônica. No cenário doméstico, o comitê manteve a avaliação de sinais incipientes de moderação do crescimento em um contexto de dinamismo da atividade econômica e do mercado de trabalho. Quanto à inflação, seus núcleos e expectativas, seguem acima de meta. No balanço de riscos, o comitê salientou que ambos (de alta e baixa) estão mais elevados do que o usual – retirando a avaliação de assimetria altista. Nas projeções de inflação do próprio Copom, com câmbio em R$ 5,70/US$ conforme expectativas do Focus (R$ 5,80/US$ na reunião anterior), a estimativa para o IPCA de 2025 passou de 5,1% para 4,8%, sendo de 3,6% para o ano 2026 (horizonte relevante para a Política Monetária).
Diante disso, e salientando o impacto da política comercial dos EUA e a política fiscal brasileira sobre preços de ativos e expectativa dos agentes, o comitê reforça a necessidade de se manter uma política monetária significativamente contracionista por período prolongado. Com elevada incerteza, e ponderando os efeitos ainda não observados do já elevado nível de juros, o Copom reforça cautela e flexibilidade para as próximas decisões. Isso, somado à avaliação simétrica dos riscos de inflação, pode sugerir que o atual patamar seja o fim do ciclo. No entanto, não há como afirmar, pois não há manifestação clara sobre os próximos passos, com o comitê deixando espaço aberto para qualquer calibragem necessária.
Na prática, estamos com o maior patamar de juros nominal há quase 20 anos, e devemos permanecer assim por um longo período. Enquanto a política fiscal e parafiscal estiver em sentido contrário (como é o caso) da política monetária, paga-se um custo altíssimo para controlar a inflação. Com economia aquecida e novas doses de estímulo, dilata-se o prazo do tratamento de juros elevados, penalizando empresas e famílias com crédito mais caro e seletivo.
Fonte: Fecomércio-RS